quarta-feira, 21 de junho de 2017

Acabou-se tudo!

Eu tive um sonho! Não sou o Martin Luther King, mas também tenho os meus delírios soporíferos devido à fome que passo por conta do meu miserê crônico. Sempre acabo sonhando com uma suculenta feijoada, com um leitão à pururuca ou, pelo menos, com uma bela banana. Alimentos do passado que ainda vivem adormecidos no meu inconsciente.

Mas desta vez sonhei diferente. Sonhei que, na capa da Veja, da Época e da Isto é, estava escrito: “O Brasil acabou!”. Até que enfim! No meu sonho onírico, a notícia foi um grande alívio para todo mundo, principalmente para a classe política, pois, uma vez acabado o país, também automaticamente acabou-se a Lava Jato. Ninguém foi para a cadeia.

Na minha mente adormecida, o Brasil acabou por decurso de prazo porque, definitivamente, não deu nem vai dar certo. Ninguém mais vai ter que se preocupar com o futuro, nem com o faturo. Vai ser o nada sobre a coisa nenhuma, e o país encontrou a sua verdadeira e definitiva vocação. Mas, infelizmente, fui acordado pelo ronco surdo da minha barriga vazia. O Brasil não acabou, foi tudo um sonho, uma doce ilusão. Acordado, raciocinando comigo mesmo, concluí: Agamenon, meu gênio! Não és o Fernando Henrique Seboso, mas descobriste a saída republicana! Parecia até o Michel Temer falando. Acabar com o Brasil de uma vez e para sempre! Eis aí a saída para o país.

Vamos poder então voltar a viver de acordo com a nossa natureza! Vamos nos dividir em tribos, bandos, quadrilhas, falanges, milícias e facções. Todas desorganizadas em torno de um líder, cada um no seu território. São Paulo vai pertencer ao PCC, o que foi o Nordeste vai ser dominado pelo PT. Mato Grosso, Goiás e todos os bois e as vacas vão ser de propriedade da JBS, e o Sul vai ser território da Odebrecht por conta das suas raízes germânicas.

Viveremos da caça, da pesca, da coleta de frutos silvestres. Sem falar, é claro, da guerra permanente entre as facções rivais. Não vai ficar muito diferente do que é hoje em dia, mas vamos ter mais tranquilidade. E ninguém vai ter que pagar imposto.

Passaremos a viver nus, pelados, como viemos ao mundo, com tudo de fora, como se fosse um permanente carnaval! Vale tudo! Ninguém é de ninguém, como, aliás, sempre foi! Turistas aventureiros, conduzidos por guias armados, virão visitar o território para observar a vida selvagem. Alguns farão safári, caçando mulatas bundudas para comer à noite, no acampamento. E nós, os nativos, voltaremos à vida nômade, cruzando o que foi outrora o solo brasileiro, nos escondendo das feras e dos inimigos nas ruinas do que foi uma tentativa fracassada de civilização.

Agamenon Mendes Pedreira é faturologista

Brasília será uma cidade-fantasma, habitada apenas pelo vento e poeira, com seus prédios decadentes, de vidraças quebradas, só contando o tempo para a Unesco transformá-la em patrimônio cultural da Humanidade.

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